segunda-feira, dezembro 30

“UMA HISTÓRIA EMBLEMÁTICA DO PROFESSOR BERNARDINO TRANCHESI”, Eduardo Berger

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PRÓLOGO:

As coisas mudaram muito na nossa velha FMUSP! Nos dias atuais, há apenas cerca de 20% de professores na Congregação que cursaram, como nós, a Casa de Arnaldo…

Façam uma experiência: no site da Plataforma Lattes, acessem “buscar currículos” abre-se a tela “busca simples”. “Curiosamente”, os Professores nossos colegas, “os da Casa”, iniciam suas informações com o título que, acredito, consideram o mais importante: graduação na FMUSP.

Contrariamente, os “de fora”, via de regra, para saber onde se formaram, faz-se necessário abrir o currículo completo e buscar com cuidado pra saber onde se formaram… Suas INFORMAÇÕES INICIAIS são Professor Titular da FMUSP, doutorado na FMUSP, pós graduação na FMUSP, residência médica na FMUSP…

DEU PRA ENTENDER??

A HISTÓRIA:

Num determinado período fui o representante dos internos do HC, no CASE (Conselho de Administração do Serviço de Estagiários). O presidente era o Prof Sebastião Sampaio, o vice presidente era o extraordinário PROF. BERNARDINO TRANCHESI, havia o Prof Primo Curti como membro, outros ‘que tais’ que não me lembro, e esse “jovem amigo de vocês”, representando os discentes.

Em uma de nossas reuniões falava o presidente, que não sem razão tinha a alcunha de Tião Medonho: ‘Esses internos e residentes aqui da casa são, entre todos, os piores… Vejam os que vêm de fora: que educação, que bom comportamento têm eles! São muito melhores, dão um banho nos nossos em dedicação e empenho’!

BERNARDINO tomou a palavra e falou (claro que minha memória não permitirá a reprodução exata..) alguma coisa semelhante a: ‘Meu caro professor Sebastião, permita-me fazer uma analogia. Tenho 3 filhas adolescentes e um filho um pouco mais novo – moro em uma grande casa e sempre recebemos como hóspedes os amiguinhos e amiguinhas deles, que passam fins de semana, ou mesmo feriados prolongados conosco; dormem em casa, curtem os jardins, a piscina, etc. Pois bem: esses que nos visitam, arrumam suas camas, ajudam a tirar a mesa do café e do almoço, são primores de educação!…  Já os meus filhos, largam os patins no chão da sala, nunca põem as coisas em ordem… fazem bagunça mesmo! Só que, professor, aqueles são visitantes de minha casa e meus filhos, SÃO MEUS FILHOS’!

Fez-se silêncio por segundos que pareceram uma eternidade… Os presentes entenderam a sensibilidade da observação do GRANDE BERNARDINO!

Tião medonho pigarreou, não questionou e continuou sua cantilena, metendo o pau na gente…

Não foi a toa que o PROFESSOR BERNARDINO foi homenageado de nossa turma

Bernadino Tranchesi, um de meus ídolos do curso médico!

1 comment

  1. admin 22 março, 2018 at 11:27 Responder

    Meu também! Tive a honra e imensa satisfação de trabalhar no consultório dos irmãos TRANCHESI – Bernadino e João – primeiramente como acadêmico e depois já formado. Para mim, lá foi, constantemente, uma aula de ÉTICA MÉDICA. Devo muito aos irmãos Tranchesi, tudo o que aprendi na Cardiologia. À época, o consultório deles ficava na rua Itapeva, conhecida como “serpentário” pois só tinha “cobras”. (Murilo Pereira Coelho – 2017)

    Meu também! Me lembro do dia que fui visitá-lo quando estava internado no HC quando nos recebeu com aquele sorriso carinhoso e amigo. (Decio R K Oliveira – 2017)

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