
Medico e terrorista Boanerges de Souza Massa - também conhecido como "Julio Martins" ou "Moyses Jacinto Braga"
“PROCURADO”
Outro dia, o Joel Faintuch me mandou um e-mail:
O que você sabe sobre Boanerges de Souza Massa? Ele teve alguma relação com nossa viagem à Europa? Alguém me disse que ele inventou as viagens do CAOC e foi mentor delas, tanto para a Europa quanto USA.
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E como me agrada muito lembrar tudo que é reminiscência de nossa passagem – e de nossas “façanhas” – na Faculdade, contei sobre o Boanerges e sua influência:

Um estudante pacato, bem diferente do “procurado” da foto destacada.
Só para lembrar, ele pertencia à 48ª turma (era quintanista quando nós calouros) e tudo o que sei dele, veio-me pelo clássico “boca-a-boca”, já que ler, estudar nunca foi meu forte. Creio que ele deva ter sido um gênio: estudava medicina na USP e direito na São Francisco, simultaneamente; dava aulas no cursinho Di Tulio e, consta, era arrimo de família. Reza a lenda que “ele não dormia”!!
Quando estava no 4º ano, 1963, teve a idéia de fazer uma jornada à Europa no ano seguinte (acredito então, que ele foi o pioneiro MESMO, das jornadas à Europa da FMUSP!). E arrecadou uma grana comprida e foram! Não sei dizer quantos colegas compunham o grupo… O professor Edmundo Vasconcelos foi convidado para ir junto (como nós levamos Massahiro, Luiz Dias Patricio e Dorina, lembra-se?) – porém, o “Vasco” não foi e, em seu lugar, foi um tal Paulo Bobadilla de Carvalho Fontes, seu “cupincha”, formado em 1958; ele veio a ser meu chefe na Gastroclínica durante 20 anos, desde a saída do velho professor até 1991. Mas esta é outra história…
Voltando ao Boanerges de Souza Massa: após a viagem à Europa, ele teria sumido com uma fortuna para a época, algo como 90.000 dólares (creio que cerca de 3 milhões de reais em dinheiro de hoje), teria dado um tombo na Braniff, antiga companhia de aviação inglesa – me faltam dados, mas minha lembrança é que diziam que ele deveria estar nas Bahamas “gozando as delícias do dinheiro fácil”… Isto está mal contado, já que ele se graduou na FMUSP em 1965, e trabalhou no HC (residência?)… mais dúvidas: o CREMESP dele corresponde a um formado em 1967 (?) – e incrível!!! O CRM DELE ESTÁ ATIVO! Esqueceram de excluir?
Enigmas… quem sabe eu consiga esclarecer…
Bem, para terminar, quando ele reapareceu, como terrorista da MOLIPO (Movimento de Libertação Popular – dissidência da ALN (Aliança Libertadora Nacional), pouco tempo antes da morte de Carlos Marighella (1969), foi que veio a tona o real destino daquela grana roubada: era pela “causa”… (o reapareciemnto do Boanerges deu-se em 1969 – está relatado em outro post deste site >>> acesse https://fmusp-turma52.com.br/a-volta-de-boanerges-de-souza-massa-por-eduado-berger/
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Finalmente, ele foi preso em 1971 e morreu cerca de 6 meses depois (SEIS MESES PRESO NOS “PORÕES DA DITADURA”!!) – imaginem quanta porrada não deve ter levado!! Deve ter contado até que foi o “responsável pelo assassinato da Imperatriz da Áustria”!!!)
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Dados históricos relevantes nos dois links abaixo – é só clicar neles:
link 2
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Realmente havia escutado muitas versões sobre sua vida. Nenhuma tão rocambolesca quanto a verdadeira, a real.
Na minha visão isto prova diversas coisas:
1) A faculdade sempre atraiu tipos inteligentíssimos.
2) Não raramente excêntricos, ou mesmo quase desequilibrados.
3) Alguns apesar de tudo se deram bem. Outros pagaram caro.
Uma história que talvez lhe interesse é a do Eduardo Manzano. Era o presidente do CAOC no ano em que entramos como calouros.
Se ainda tiver a carteirinha do CAOC, a assinatura dele lá estará.
Um ou dois anos depois se graduou, e viajou para Porto Nacional, junto com mais colegas de sua turma.
Era o fim do mundo, norte de Goiás, hoje Tocantins. Foram por idealismo, ajudar os miseráveis. Lá não havia nada.
Tiveram sorte, ou foram inteligentes, ou ambas as coisas. Manzano tornou-se vereador, talvez prefeito.
É nome de Posto de Saúde. Tem sua própria clínica, que deve ser bastante próspera.
Ainda por cima é conhecido e respeitado na grande imprensa nacional, como especialista em malária, que deve ter enfrentado por muito tempo.
Joel Faintuch (abril/2018)
Acrescentando à historia do Boanerges.
Meu sogro era desembargador do tribunal de justiça e eu tinha o hábito e a curiosidade de ler alguns processos que aguardavam parecer.
Por volta de 1975, vi um processo da esposa do Boanerges, solicitando anulação do casamento por erro ” essencial da pessoa “. Casada e com 2 filhos pequenos, sua vida estava um inferno . O Boanerges desaparecido e ela sendo sua esposa não conseguia fazer nada. Qualquer movimentação dela era motivo de interpelação das forças de segurança. Não fiquei sabendo o resultado, mas o processo dizia de todas as suas atividades terroristas, mas não a sua morte. Era o ano de 1975.
No início dos anos 1970 ou final de 1969 ele sequestrou o Marmo, lá no prédio da residência, para operar um terrorista baleado. Ao final da cirurgia em Itapecerica, enquanto providenciava uma ambulância para levar o baleado ainda anestesiado, sacou uma arma e ameaçou o Marmo de morte, que queria informar a policia do baleado.
Fui aluna do Boanerges no Cursinho Di Tulio e me lembro das aulas práticas de biologia. Ele fazia o Cursinho comprar não sei quantos quilos de camarão para dissecarmos, e como a aula era sempre sábado pela manhã, após dissecarmos UM SÓ, ele dava para o dono do boteco da esquina fritar o resto… e com a cervejinha, tudo virava uma grande festa.