Essa matéria tardou… o amigo em destaque mereceria estar sempre em primeiro lugar! Seguramente, foi o colega que mais trabalhou pela 52ª turma, o mais dedicado entre todos nós – o Henrique era incansável!
Seu desempenho no Departamento de Publicações do CAOC foi extraordinário! As apostilas produzidas facilitaram sobremaneira nossos estudos. Muitas vezes o vi com as mãos manchadas daquelas tintas que, “aplicava no estêncil e rodava naquele velho mimeógrafo”… (essa frase soa como algo medieval, qualquer coisa relacionada com um museu!!).
Na exaustiva tarefa que foi organizar os eventos comemorativos de nossa formatura, ouvi por vezes a frase: “o Henrique é o seu braço direito” – isso não representa, absolutamente, o que realmente ocorreu! Ele foi, nos momentos em que pensávamos em como arrecadar, a minha CABEÇA e quando íamos à execução do trabalho, os meus DOIS BRAÇOS! Fiquei com as glórias de ter sido o responsável pela viagem à Europa e, na verdade, agradeço isso a ele, o verdadeiro comandante daquela grandiosa Jornada!
Depois, o internato, a residência de Clínica Médica, a especialização em Gastroenterologia, a brilhante carreira profissional e universitária, sempre estimulado pelo seu mestre e mentor, Professor Agostinho Bettarello.
Quiz o destino que, cerca de um ano antes de completar 15 anos de formatura, um Acidente Vascular Cerebral devastador provocasse em nosso querido Henricão sequelas terríveis – elas acabaram com sua qualidade de vida, com sua felicidade. Ele que sempre fora um marido exemplar, um pai prestimoso, viu-se privado, da independência física, da capacidade laborativa, da condição de provedor, enfim…
O vi pela última vez em 1984, algumas semanas antes de nosso encontro no Hotel Rancho Silvestre, no Embu. Fui à sua casa, encontrei-o sentado no sofá da sala de estar com uma hemiplegia flácida e aquele olhar perdido, como o de quem se sente inferior, inútil. Pobrezinho, tinha “verdes” 38 anos…
Tentei levantar seu moral, estimulei-o para vir conosco na festa dos 15 anos – comentamos sobre a-ces-si-bi-li-da-de… triste! Reservei para ele um quarto bem na entrada do hotel, com bom acesso para cadeirante… e ele não foi – só voltamos a estar juntos no seu enterro, Cemitério Israelita do Butantã, poucos meses depois (15-setembro-1985).
Obrigado mermãozinho Henrique, uma lágrima rolou, mas lembrar de você me faz bem.
Onde estiver, aceite o eterno reconhecimento da sua 52ª turma!
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Na foto ao lado, o Camiliano, Capelão do HC, nosso querido amigo Padre Geraldo, o Reverendo José Borges dos Santos Jr, da Igreja Presbiteriana do “Jardim das Oliveiras” e o Rabino Menahem Mendel Diesendruck, da então “Sinagoga da Rua Bela Cintra”, hoje “Sinagoga Beit Yaacov”, abençoando o maravilhoso Anel de Arnaldo Vieira de Carvalho – “a mais linda esmeralda já vista!
Momento feliz: jantar dançante de nossa formatura! Henrique e Rosana com a família Berger
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Belas lembranças de nosso Henrique! Bastante fotos…
Sempre me lembro das nossas apostilas, e conto aos mais jovens o quanto eram boas, didáticas e a preço mínimo.
Este colega permanecerá sempre em nosso coração!
O grande Henrique!
Trabalhei com ele no DP – ela fazia as apostilas e eu era o responsável pelas cobranças.
Testemunho a grande capacidade de trabalho e a dedicação deste colega.
Pena que se foi tão cedo.
Fotos memoráveis. Trabalhador incansável. Apostilas excelentes. Henrique nos deixou cedo demais. Ficou a saudade.
“Por traz da cortina” – seria a minha homenagem a este colega que pouco conheci, mas muito dele usufrui!
Que o diga a nossa perfeita e espetacular viagem à Europa!
Sempre “invisível”, apesar de seu porte avantajado!
No tempo do Mantelmacher no DP, eu, a Mieko e a Neusa fazíamos o resumo das aulas – escrevíamos, datilografando no papel stencil.
Recebíamos Cr$ 5,00 por folha. Foi muito bom! Além de estudarmos, ganhávamos um bom dinheirinho na produção das apostilas. Não me lembro quanto custavam, acho que era pela quantidade de páginas.
Valeu a pena, pois tínhamos que ler e reler, umas três ou quatro vezes os textos… Dava muito trabalho., às vezes passamos datilografando até de madrugada para aprontar logo as apostilas… e eu ainda tinha treinos na Atlética (futebol, beisebol, atletismo e futsal),
Eu e Henrique dividíamos o armário no CAOC.
Dividimos também às vezes, material, até avental: o meu ficava justo nele, o dele largo em mim.
Bons tempos.
É difícil acrescentar algum adjetivo ao Henrique, que o Berger não tenha dito.
Sacrificava o seu lazer, permanecendo no Departamento de Publicações do CAOC, não só ajudando a nossa classe, mas também orientando trabalhos para toda Faculdade; era ajudado pelo Takanori e escritores, Paulo, Mieko, Neusa e outros colegas que eram “convocados” para anotar as aulas e resumi-las para elaboração das apostilas.
O Henrique, que afetivamente eu chamava de “Quiqueli”, perdoem a grafia e pediria aos nossos professores de inglês para corrigi-la, mantinha uma cartolina com o histórico de todos os colegas que participariam da viagem à Europa, como rifas vendidas, atividades, etc, antecipando o que seria hoje uma planilha de computador!
Quando estávamos em Israel fomos convidados por uma nossa prima para um dia na sua casa. para jantar e passar a noite. Pela manhã, quando regressaríamos para Telaviv, o Henrique havia perdido sua máquina fotográfica lamentavelmente.
Em Telaviv, na orla da praia, há o famoso Hotel Dan, onde passamos a noite… dormindo nos bancos de jardim que há na frente! Pela manhã, acordamos com os ruídos de grupos fazendo exercícios!!!!
Após o AVC, além das sequelas que o incapacitaram para sempre, o Henrique apresentou hemorróidas, dificultando ainda mais o seu bem estar até sua morte.
Acredito que pelos méritos e sacrifícios do Nosso Querido Mantelmacher, deve estar orientando muitas almas no Plano Espiritual.
Mermãozinho Noragi, quantas lembranças gostosas! Lembro que eu, vc e o Henrique (Z”L) fomos à casa de uma prima de minha mãe, SONIA WAINER, em Tel Aviv (ofereceu-nos um lanche); dias depois, em Jerusalém, a encontramos, e juntos fomos à casa do DOV, seu filho.
Não me lembro da sua prima, e menos ainda de ter dormido na casa dela – acredito que dormimos nos Albergues da Juventude em todas as noites, com exceção daquela dos bancos de jardim, em frente ao Hotel Dan…
Em 1967 o Henrique queria ir a Israel, ajudar o exército que estava em guerra contra os árabes. Não deu tempo…..a guerra durou só 6 dias. Quem lembra disso?
Querido Paulinho e demais Ilustres membros da 52ª Turma.:
Bem lembrado!
Em 1967 estávamos no 4º ano, quando deu-se a terceira guerra árabe-israelense, chamada “Dos Seis Dias”. A primeira foi a “Da Independência”, em 1948, a segunda a “De Suez”, em 1956. Houve ainda a 4ª guerra, a “Do Yom Kipur”, 1976.
Enquanto o Mantelmacher pensava em ir, ainda como estudante, a guerra findou…
Como é bom saber destas historias dos nossos amigos da 52°. Antes tarde do que nunca né?
Henrique Mantelmacher foi um benemérito da 52a turma, desinteressada, fiel e honestamente. Foram-me concedidas muitas glórias que a ele, realmente, pertenceriam… (já disse isto, mas a repetição enfatiza esta verdade!).
Dentro de poucas semanas, sua sentida ausência completará 38 anos!! Quando partiu, era bem mais novo que meu filho mais novo – deu pra entender o tamanho dessa tristeza?
A última vez que o vi com vida, foi na véspera de nosso “encontro dos 15 anos” no Embu (1984). O contato com sua família foi totalmente perdido, apesar de meu esforço em deles me aproximar…
Pois bem, após quase 40 anos, ou seja, AGORA, obtive sucesso! Os irmãos, uma sobrinha maravilhosa e a Giovanna, viúva do filho caçula do Henrique, Marcos Mantelmacher, notável endoscopista e gastroenterologista, vitimado pela COVID 19 em dezembro de 2020, aos 45 anos.
Berger comovente seu comentário sobre o Henrique – ele é merecedor de todos os elogios e agradecimentos de nossa turma.
Uma curiosidade: ao ver a foto dele, deitado naquele catre do quartel do Uruguai, lembrei-me do banho frio que tomei lá, com temperatura próxima do zero!!