quinta-feira, dezembro 26

GRATIDÃO NIPÔNICA X NEGÓCIO BOM… MAS SUSPEITO por Flavio Soares de Camargo

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Muitos dos que me acompanham já observaram essa minha velha companheira, utilíssima auxiliar nas coisas da fazenda.

Vamos á estoria deste veiculo…

Há algumas décadas, tive um paciente japonês, obeso, com diabetes e com aquelas feridas de perna. Foi um tratamento longo mas deu certo. Pessoa muito simples.

Eu pouco fiz, pois com um emagrecimento importante a ferida cicatrizou por si.

Ele ficou extremamente agradecido se tornando um amigo.

No tempo que durou o tratamento conversamos muito e contamos nossas historias de vida. No final, já curado, ele disse que queria me dar um presente surpresa. Convidou-me para ir ate a casa dele, e lá fui eu para mais uma aventura da vida.

Bairro simples de periferia, um muro comprido e, para minha surpresa, o muro cercava um quarteirão inteiro. Num dos cantos, um barracão gigantesco com peças automobilisticas de todos os tipos, classificadas por marca! De pneus a motores, chassis, latarias – ele era um sucateiro e o quarteirão inteiro era dele.

O portão aberto, entrei, e lá estava o japa me esperando com um gigantesco sorriso na boca. Esta situaçao é muito séria na cultura japonesa – não se esqueça que trabalhei com o José Yuji Saito (54ª turma) durante 50 anos.

“Dr vamos montar um carro pro senhor brincar na sua fazenda.”

Poderia ter sido uma D 20 ou uma F 1.000 mas, sendo uma Toyota, foi minha forma de homenageá-lo.

Foi assim que nasceu a minha velha Toyota… Uma roda difere da outra, mas todas do mesmo tamanho.

A estória não termina aî: ele fez questão de, pessoalmente, ir ao Detran e regularizar a documentação.

Muitos anos depois, meu ex-genro marido da Flavia que produzia flores, vendo o sucesso que foi a Toyota, resolveu encomendar uma D 20 para entrega de vasos.

Lá foi ele e, realmente, saiu com uma bela D 20, por 1/3 de valor de mercado.

Um tempo depois, foi barrado numa blitz e o carro guinchado!
O motor era adulterado sendo remarcado!

4 comments

  1. CLAUDIO ROSSI 9 agosto, 2024 at 17:06 Responder

    Muito boa a história!
    Você recebeu um presente causado por gratidão. O seu genro foi buscar um bom negócio num lugar suspeito.
    Você escolheu algo que homenageava o doador. Seu genro escolheu o melhor custo benefício.
    O japonês era o mesmo. Você o abordou por um lado, o seu genro por outro. As intenções também foram diferentes. Pode ser que o motor do seu Toyota também tenha sido adulterado, mas, por ser simples e de trabalho, seria menos visado pela fiscalização.
    O título deveria levar em conta isso…

  2. Takanori 11 agosto, 2024 at 11:12 Responder

    Toyota Bandeirantes me traz recordações Qdo estava no cursinho, morava num quarto de uma casa de médico. Para ajudar na despesa, servia de motorista nas minhas horas de folga, a noite e fins de semana. Era a diesel e tinha que puxar um botão e acionar o motor. Este fazia um barulho de caminhão.
    Era duro e pulava bastante, carro para o interior.
    Se cuidar, dura eternamente. Cuide bem também do seu japa, Flávio, porque ele arrumará as peças que você, porventura, precise. Não achará mais nas revendedoras
    Boa sorte com o seu tanque

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