SEMANA DA PÁTRIA – 1964, Roberto Cury

Fomos para Ubatuba: Decio Kerr Oliveira, Paulo José Szeles, Martinez, Godoy e eu.

Chegamos ao saco da Ribeira e tomamos um tuk-tuk de um velho Caiçara chamado Senhor Casemiro que tinha sido carcereiro do presídio na ilha Anchieta e para lá nos dirigimos.

Nos instalamos lá numa casa, seu Casimiro fez um “city tour” e contou todas as histórias sobre a rebelião: que ele era querido dos líderes da rebelião; que na véspera colocaram ele sobre a laje do forro com provisionamento de água e comida e mandaram que ele ficasse calado lá até passar tudo; que os presos tiveram a rebelião frustrada porque eles renderam os soldados e se postaram no cais esperando o barco de suplementos chegar, porém houve os guardas que conseguiram fugir, foram até a ponta da Ilha e avisaram o barco. O barco deu meia-volta e foi embora; castraram o diretor do presídio e deixaram ele morrer sangrando; estupraram a família todas, as filhas e a mulher; uma carnificina por lá Alguns fugiram a nado e os que não morreram na travessia acabaram sendo capturados na mata.

Tínhamos levado macarrão, tomate e sal. Paulo Szeles, grande cozinheiro, queimou os tomates, salgou de forma irrecuperável os tomates queimados. Precisamos comer macarrão seco todos os dias; tentamos pescar algum peixe; Martinez que tava todo “picado” nas pernas, na volta da pescaria infrutífera teve uma crise histérica, jogou tudo para o alto e saiu correndo mata fora para voltar. O castigo veio a galope: Paulo agachado para fazer cocô levou uma picada na cabeça do pipi que inchou de forma extremamente volumosa, levando Paulo ao desespero com medo que gangrenasse tal órgão, o que graças a Deus não aconteceu.

Voltamos no quarto dia quando o seu Casemiro foi buscar.