
Em 2002, na viagem que fizemos para Machu Picchu com a Dani e o João Cordeiro, saímos num sábado bem cedo de San Pedro do Atacama em direção a Tocopilla, no litoral do Pacífico, para depois entrarmos no Peru
Na longa descida de San Pedro até Calama, encontramos três ciclistas suíços que faziam uma longa viagem pela América do Sul e disseram que não iriam ao Brasil porque lá é muito plano e tem muita reta (??).
Passamos por Chuquicamata para uma visita a uma das maiores minas de extração de cobre a céu aberto do mundo. Nos fins de semana a usina fechava, a visita ficou na vontade. Era sábado e precisávamos continuar a viagem. A poucos quilômetros da saída do vilarejo cruzamos com um automóvel branco que deu sinais de luz mandando a gente parar. Dois policiais chilenos bem uniformizados vieram em nossa direção e nestas ocasiões a primeira coisa que eu faço é retirar o capacete. Os cabelos brancos já me ajudaram inúmeras vezes. O chefe da dupla disse que pelo radar da viatura estávamos a 100 km/h e que no Chile o limite é 80 e que lá as multas de trânsito são pagas diretamente para o juiz no fórum da cidade. Teríamos que passar o fim de semana no vilarejo para pagar as multas na segunda feira e retirar nossas CNHs.
A melhor maneira de conquistar a simpatia dos policiais, na maioria das vezes, é elogiar seu país e a polícia local. Cientes de que no Chile propinas não são aceitas tentei me desculpar por estarmos dirigindo em excesso de velocidade porque às vezes nos distraímos com a beleza local e sem querer passamos do limite. O policial, percebendo a estratégia do motoqueiro que tinha idade de ser seu pai, retrucou rindo: Belezas do local??? Aqui só tem deserto!!!
Foi uma gargalhada geral, e num clima super amigável nos devolveram os documentos desejando uma boa viagem
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Muita sorte em encontrar policiais com senso de humor. Não sabia que em Chile não aceitam propinas. Muito bom isso. Antigamente, aqui, antes dos radares, qdo um guarda nos parava, entregávamos a carteira de motorista (nome antigo do CNH), com uma nota dentro. Perto do Natal, não havia nota que chegasse. Com os radares isto melhorou.
Belo relato Décio. Só brasileiro para dizer isso: uma beleza local só no deserto. O chileno foi muito espirituoso e sacou a ironia típica nossa, mas dessa vez funcionou .