
Três anos de curso, vinte e três de juventude, imortalidade, poder.
A escolha da especialidade, Psiquiatria, feita antes da Faculdade, se confirma ao decorrer do curso. Nos plantões “por fora”, acabo exercendo papel terapêutico sempre que tenho oportunidade, e sinto prazer em me ver aprendendo técnica… Afastar emoção, sempre afastar a emoção. Assepsia psicanalítica. Racionalidade.
No trem, para Araraquara. Ela senta ao meu lado. Linda, em seus talvez trinta e cinco ou quarenta. Os olhos tomam a frente, azuis, de um azul limpo que convida ao sorriso.
Aceito o convite. Sorrio.
Enfim, a conversa. Falamos de destinos, ela vai a São Carlos, trabalho, psiquiatria, biblioteconomia, família, ela tem dois filhos, casamento em crise, angústia, tristeza enfim. O terapeuta da estranha tão linda e triste vai embora, sua aflição me comove traz desconforto.
São Carlos chega em um segundo. Na despedida, o azul incrível brilha mais, lágrimas.
– “Obrigada.”
O macio calor da mão.
Percebo tarde. Até Araraquara, vou triste. Enfim, penso, tem essa atração algo mais? A tristeza, é sinal disso? Não, impossível.
E lágrimas, são também sinal de alguma coisa mais?
Não sei seu nome.
Nunca mais vou vê-la.
Não esqueço.
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