Estava para escrever sobre este assunto há um bom tempo, mas a memória estava misturando tudo e achei melhor esperar…
Estávamos na Europa, precisamente na Dinamarca e naquele dia fomos ao TIVOLI GARDENS.
Nossa acolhida em Copenhague fora extremamente carinhosa e a atmosfera no TIVOLI estava muito alegre, as diferentes raças, credos, nacionalidades todas misturadas e entrosadas. Podíamos conversar com a pessoa do lado e ter certeza da acolhida, a tentativa de ser entendido, caso fosse possível, geralmente dava certo, nem que fosse por gestos.
Eu me perdi num canto, o Martins em outro e o Pereira e o Wata simplesmente sumiram.
Numa das lanchonetes sentei-me e, logo a seguir, um grupo de moças sentou-se na mesma mesa. Coca cola com um sanduíche de salsicha com ketchup foi minha escolha, e por alguma razão, acho que meu hotdog estava vivo, pulou do pão para a mesa e saiu rolando. A cena foi inicialmente constrangedora, mas uma das moças gritou: -“Your hot dog is alive” – e caiu na risada. Bem, esta fala inglês e aqui vou eu.
Não era bonita, não era feia, não era magra nem gorda, nem alta nem baixa. “Matei” a dama? Não, ela tinha aquela característica feminina que com um olhar ela te abraça, o sorriso nos acalma o coração e, ao mais leve toque de mão, nos dá a segurança necessária para darmos o próximo passo. As amigas vendo o desenrolar da situação simplesmente se derreteram na multidão…
Sueca de Goteborg, era enfermeira padrão e estava fazendo uma “pós” em Copenhague. Um pouco mais velha que eu. Lembrando agora quem eu era nessa época e, talvez também, outros colegas da 52ª: um absoluto “NAIVE” nos assuntos da intimidade feminina até aquela data. Todas as oportunidades que surgiam, vinham acompanhadas pela sombra do Charles Corbett, Tião Medonho, Mignone, e outros algozes que nos assombrava em cada sala de aula ou enfermaria. As provas se sucediam e as oportunidades se esvaziam.
Agora estava eu com uma fada madrinha nas minhas mãos, mas a milhares de km de qualquer abrigo. A noite seguia mágica, com um entendimento perfeito. Só que após algumas horas os colegas sumiram, o movimento no TIVOLI se esvaiu, e estávamos praticamente a sós, andando pelo parque. Foi quando, olhando o relógio, me avisou que não haveria mais ônibus para o meu hotel, e seria melhor irmos embora. Para onde, perguntei eu? Para minha casa foi a resposta, óbvia para ela… mas inquietante para mim.
Pegamos um ônibus para o bairro onde ela morava nos arredores da cidade. Bem, pensei eu, agora eu desempato, sentia-me seguro nas mãos da dama.
Casa simples mas aconchegante, pediu silêncio, fomos até a copa cozinha tomamos água e fomos para o quarto. Minúsculo, uma cama desolteiro, um criado mudo, um armário embutido, uma janela e só. O banheiro no corredor.
Ok, chegara a hora crítica para mim: vesti-me, elegantemente, com o terno primitivo, que se usa habitualmente nestas ocasiões; a dama com roupas de baixo, abraçou-me, um beijo mais de irmã que de namorada, deitou-se de costas para mim e pediu-me: “- Hug me please, and that will be all for just one night. Tomorrow you will be gone and I don’t want to be longing for you”.
Uau! Jogo claro! Fiz o que ela me pediu e não exigi mais nada, realmente havia encontrado uma fada madrinha que iria povoar meu imaginário por muito tempo ainda.
Não foi desta vez, mas o encantamento foi muito superior a qualquer outra coisa que poderia ter-me acontecido.
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No WhatsApp da Turma eu coloquei a música “El reloj”, de Roberto Cantoral, primeira gravação em 1957.
Essa música, extremamente romântica, se adapta como uma luva à experiência do Flávio, como de outros…
Pesa no coração!
Ouçam a música.
https://www.youtube.com/watch?v=uufnZugBwpU
Obrigado Macedo , foi perfeita sua publicação!!