Falando em Bife da Meia Noite, lembrei-me de um episódio que ocorreu comigo quando sextanista, interno da Cirurgia.
Acordava cedo, era um dos primeiros da fila para o café da manhã, uma cumbuca de leite com café e um sanduíche de queijo, se me recordo.
Comia correndo, ia para a enfermaria, evoluía os pacientes, arrumava os curativos, para que, as 8h00 o residente pudesse passar visita e preparar o caso para o assistente. Na visita deste, os curativos, cuidadosamente feitos, eram arrancados para que o médico pudesse ver a cicatriz. Obviamente, após a visita, o curativo tinha que ser refeito. Daí a gente corria para fazer o que se decidira na visita: ia “cavar” os exames solicitados (imagine hoje, mandar um interno “cavar” exames – escutaríamos uma preleção de “meus direitos”), tirar história dos novos internados, pedir “exames de rotina”, incluindo, obrigatoriamente, exame de fezes e à noite ir para o plantão de Pronto Socorro.
Uma noite, estava eu como instrumentista de uma cirurgia de emergência à meia noite e, de repente, vi “tudo escuro”. Acordei com um monte de gente olhando para mim e o residente-cirurgião me chamando de interno peripacoso. Felizmente, um outro residente presente perguntou-me se tinha jantado. Respondi que não. E almoçado? Também não. Não tivera tempo. Novas broncas, mas sugeriram que descesse e comesse o bife. Fui. Nunca comi um bife tão gostoso. Nem lembro se estava duro…
PS: Quem me substituiu foi o Funabashi – ele ficou sem o Bife.
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