sábado, julho 27

Senhorzinho com “salsa e merengue”! FLAVIO SOARES DE CAMARGO

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Ontem a noite fiz uma aula de salsa.

Em minhas veteranas mãos, experientes, calejadas, treinadas, macias de luvas de centro cirúrgico (todo cirurgião as tem), uma belíssima mulata, escultural como todas as jovens mulatas o são. Sorriso de piano nos lábios e duas brasas nos olhos.

Olhava para mim com uma desesperança total, pois eu era o único senhorzinho na sala. Os outros, como toda aula de salsa, uma rapaziada tipo bate-pronto, fogosos, jovens, um potencial explosivo total e, minha dama, com um “potencial já explodido” em mãos!

Ela não me conhecia, não sei se felizmente ou infelizmente. Ela chegou atrasada e teve que se contentar com as sobras (eu!).

Inicio dos exercícios de passos (o velhinho aqui tem 5 anos de aula de dança nas costas)…  A jovem deu um suave sorriso de canto de boca, seu corpo deu uma requebrada sensacional embora discretamente contida. Sequencia de passos, todos perfeitos, a cabeça de minha dama deu uma serie de giros sucessivo para bater o cabelo, típica da salsa, os ombros subiram e se moveram languidamente, os seios no espetacular decote se agitaram numa promessa sensacional!

“Ok, casais, vamos com a música gritou o professor”!

Agora a jovem me olhou com seus amendoados olhos de índia-com-negro, verdadeiras tochas me dizendo que se eu falhasse o mínimo que sobraria para mim era um esquartejamento e seria pendurado em pedaços por toda a cidade. Já enfrentei aneurisma de aorta roto em colega medico, tiro no coração de uma jovem estudante, arrancamento de pernas por explosão, mas nunca me senti tão ameaçado… Ali, se eu não desse contra do recado, era morte certa, e o morto seria eu!

A minha tática, era evidente, sobrevivência baseada na experiência de uma vida toda.

A minha parceira, com a música, perdeu a consistência de um vertebrado: cada pedaço de seu corpo tinha vida independente, e tudo se mexendo harmoniosamente, uma sinuosa fada! Hormônios adormecidos de longa data lubrificaram de repente as juntas de meu joelho (que é operado e, desde então, “meia boca:), o ombro direito que desde a fratura de clavícula estava meio duro, de repente se mexeu, a falta de ar naqueles momentos críticos simplesmente deixou de existir. Quando minha parceira veio, com os felinos olhos semicerrados qual fêmea no cio já não distinguindo o todo do nada, encontrou-me pronto para a batalha (desde que não fosse longa, nem pedisse bis)!

Foi mágico! O obrigado dela no final e o beijo no rosto foram a fita do pacote do presente que a dama me deu por aceitar-me por aqueles momentos.

Enfim o que quero mais?

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