segunda-feira, maio 20

Um planeta chamado Caos, por Antônio A de Macedo Costa

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Uma história inventada:

Ia eu andando pacificamente por uma trilha bucólica, aspirando o perfume das flores, o gorjear dos pássaros, o belo das árvores frondosas e, através das folhas das árvores, o céu muito azul quando de repente na minha frente surgiu um monstro terrificante. Enorme, peludo, vários olhos penetrantes, vermelhos, bufando. Aterrorizado tratei do correr desabaladamente. Aí o monstro disse:

– “Espere! Não fuja! Sou do bem, de um outro planeta. Cheguei aqui e gostaria de saber como é este planeta. ”

Parei, resolvi me arriscar e voltei. – Ah! Você quer saber que planeta é este? Tudo bem. É fácil: arranje-me alguns computadores de alta potência, recursos para que eu contrate uma ou duas centenas de colaboradores, que irão desde mão de obra não qualificada até astrônomos, passando por todas as classes de atividades laborais e intelectuais. Assim faremos uma enciclopédia de uns 50 volumes, colorida, com fotos em até três dimensões e dados minuciosos. Você ficará conhecendo tudo. Mas isso é desnecessário; com apenas uma palavrinha grega, de quatro letras eu lhe digo com toda a clareza que planeta é este.

–  “Que palavra extraordinária é essa?” – perguntou o monstro.

É Caos!

Este é o planeta onde reina o caos, ou seja, a desordem completa, absoluta. Assim, vejamos:

  1. Há o caos político: o planeta é dividido arbitrariamente em segmentos, denominados países, que constantemente, no decorrer da história se enfrentaram e se enfrentam uns aos outros, por razões de crenças fanatizadas ou lutas por riquezas. Todo o país mantém forças armadas dispendiosas para garantir uma tal de “soberania”, com milhões de soldados só fazendo “ordem unida”.
  2. Há o caos econômico: um único país domina a economia mundial emitindo u’a moeda que todos aceitam bovinamente. Esse país tem a maior dívida externa, obviamente impagável.
  3. Há o caos demográfico: temos aqui cerca de sete bilhões de habitantes. Mas o planeta só comporta metade disso, o que é comprovado facilmente pelo cálculo das regiões aptas à agricultura ou pecuária. Todo o país obtém o tamanho dessas áreas através da aerofotogrametria.
  4. O caos ambiental: Estamos poluindo impunemente o ar, os mares, os rios, com esgotos não tratados, com lixo inabsorvível como plásticos em quantidades enormes, montamos usinas nucleares para fornecerem energia elétrica; entretanto essas usinas, sem falar nos graves acidentes que ocorreram em algumas, produzem um lixo radioativo do qual não há como se livrar com segurança, mesmo porque há componentes que permanecerão radioativos por milhares de anos! Destruímos florestas e mata ciliar que protege a nascente de córregos que virarão rios, prejudicando de maneira irreparável o meio-ambiente. O clima da Terra está mudando.
  5. Caos social: Não há um sustento básico para todas as pessoas: algumas têm tudo, outras não tem nada. Há povos inteiros na mais absoluta miséria.
  6. Há o caos religioso: Temos muitas crenças religiosas e elas, todas, carregam um “pecado original”: cada uma delas se julga dona da verdade absoluta. E ai daqueles que se atrevem a contradita-las: já ouve milhões de “feiticeiras” queimadas, hereges queimados e muitos crentes se explodem matando inocentes, em nome de seu deus (o deus aqui tem que ser com minúscula, porque minúscula é a ideia subjacente).
  7. Caos na segurança pessoal: A violência à pessoa é generalizada em muitos países. Alguns poucos estão em situação melhor, mas nesses há o perigo latente do terrorismo insano e irresponsável.

Nesta altura, o monstro assustado e arrepiado, disse:  -“Mas vocês são muito primitivos!!”

E eu retruquei que nesse bolo ainda falta a cereja…  Ele: -“Uma cereja?!”

Sim. A cereja, é que nós fazemos todos os dias milhões de armas de todos os tipos, de garruchas a bombas de hidrogênio, passando por submarinos com mísseis, aviões de guerra de alta potência e foguetes inteligentes de todos os tamanhos.

– “Vocês têm tantos animais ferozes a combater?!”

Não. Todas essas armas são feitas somente para matarmos nossos semelhantes. Espantadíssimo o monstro ET só disse:

– “Vocês são perigosíssimos!!! Vou-me embora já daqui.” E desapareceu numa fumaça.

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