Todos os dias se defronta com o dilema. Deve decidir o que é doença, distinguí-la do que não é, e tratá-la, tentar eliminá-la.
Pacientes acabam lhe mostrando que a doença parece estar no mundo, não neles. Apenas se recusam vivê-lo, criando outros, próprios deles.
Eliminar a loucura nos pacientes é trazê -los de volta ao que eles recusam. Não pode ter esse direito.
Eliminar a do mundo, se for possível, é fazer o mal do paciente ser a normalidade. É direito usar esse poder?
Esta noite tem a visita do Demônio.
Aterrorizado no início, paralisado, ouve.
– “Eis o pacto. Poupo sua alma, se definir a doença como sendo o normal. Vou ajudá-lo, levando todos. Ficam com você só os loucos.”
Não vê saída, concorda, e Satã leva as almas de todos os normais.
Em pouco tempo o mundo revira, estabelece-se o caos.
Arrependido, chama o Diabo e lhe propõe o oposto. A doença fica com os loucos, ele que leve suas almas e devolva as dos normais.
O Demo resolve experimentar.
Maravilha, só a normalidade! Vai-se o mal, a doença. Logo a seguir, vê que ele vai desaparecer, pois não é mais necessário. Assim como as religiões. E governos. No fim, tudo tende ao caos, também.
A verdade lhe é, então revelada. O mundo não pode existir com a definição do que é ou não é doença. Existência e diagnose são incompatíveis.
O chama novamente e desfaz o pacto. Entrega sua alma.
Leave a reply Cancelar resposta
-
MINHA EXPERIÊNCIA EM SUZANO, Eduardo Berger
11 de março de 2018 -
Entre o mergulho e a medicina por Decio R. Kerr de Oliveira
26 de junho de 2022 -
A pediatria no contexto da 52ª, Pedro Takanori Sakane & Ulysses Dória Fº
7 de dezembro de 2019
Um planeta chamado Caos, por Antônio A de Macedo Costa
7 de janeiro de 2019LIÇÃO DE VIDA, Domingos Lalaina Junior
13 de outubro de 2018O HERÓI DE CADA UM, Domingos Lalaina Junior
2 de setembro de 2018