domingo, dezembro 22

A 52ª em destaque em “AS 100 TURMAS DA FMUSP” por Eduardo Berger

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Em 2012, por ocasião do centenário de nossa amada Faculdade, a Associação dos Antigos Alunos da FMUSP publicou o livro “As 100 Turmas da Faculdade de Medicina da USP”. A pedido de seus organizadores, representantes das turmas foram convocados para elaborarem textos e depoimentos a respeito de suas respectivas. Sobre a 52ª, coube a mim a honra de ter sido o escolhido. E ficou assim:

“Já lá se vão quase cinco décadas…

Iniciava-se o fevereiro de um ano repleto de acontecimentos que marcaram profundamente a vida dessa nação – 1964!

Foi um dia glorioso, aquele em que pela vez primeira atravessávamos o portão da Casa de Arnaldo.

Éramos 101 privilegiados jovens que tiveram a felicidade de se verem aprovados no vestibular, tradicionalmente o mais concorrido! A nós, somavam-se mais dois queridos companheiros bolsistas: ele um boliviano, ela uma panamenha de origem chinesa.

Quantas (e tantas) esperanças no porvir percorriam nossos pensamentos! Sonhos e aspirações, próprios das mentes juvenis, faziam daquele momento algo de mágico, de fantástico!

É certo que nossa vida acadêmica transcorreu durante um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil ed aHumanidade: os anos sessenta.

Foi uma época repleta de fatos novos: revoluções em todo mundo, mudanças de costumes, quebra de paradigmas. Entretanto, isto não impediu que desfrutássemos com intensidade as delícias da Universidade, muito pelo contrario, os acontecimentos da época só fizeram aumentar o numero de experiências, algumas aventurosas, e de estórias que temos para contar. Hoje, quando algumas passagens daqueles tempos são divulgadas através dos meios de comunicação, sentimo-nos, por vezes, verdadeiros partícipes da História.

Ressalte-se que “vivíamos” a Faculdade, intensamente!

Pudera, tudo era ali mesmo: o barbeiro, a sinuca, a sala do sono , o D.F. a Atlética, o teatro, os Esqueleto’s…

Quão pitoresco era o convívio com as figuras quase históricas da “casa”, tais como a trinca lusa, o Américo, o Albino, o Abel; o excêntrico secretario da época, Dr Dante Nese (verdadeira musa inspiradora de inúmeros quadros do Show).

Acima de tudo, o companheirismo e a  amizade foram a marca registrada da 52ª – e assim é até hoje!

A turma de 69 marcou indelevelmente sua passagem, na FMUSP.

Nossa ativa participação na Atlética, por diversas gestões, ressaltando-se a atuação do Egídio; a dedicação e a seriedade do inesquecível e saudoso Henrique Mantelmacher, tanto no Departamento de Publicações, quanto na tesouraria da Comissão de Formatura e na grandiosa jornada à Europa; o grande número de palhaços e de pessoal da retaguarda que atuou no Show Medicina; os atletas da Mac-Med: são alguns poucos exemplos do que se realizou.

Sabidamente, os médicos que a FMUSP tem oferecido para a prestação de serviços à comunidade representam uma amostra muito acima da media; é óbvio que nossa turma não fugiu à regra. Praticamente todos nós, uma vez graduados, fizemos nossos estágios de especialização, em regime de residência médica, no HC. Muitos seguiram a carreira universitária, ali mesmo ou em outras escolas; outros tantos desenvolveram serviços médicos e hospitalares de reconhecida excelência; praticamente todos, enfim, destacam-se no contexto da medicina nacional.

 

Cumpre-nos, por ocasião das comemorações do 1º Centenário da Casa de Arnaldo, lembrarmo-nos com sentidas saudades dos 13 colegas que nos deixaram: Sergio Talans, Henrique Mantelmacher, Juarez Aranha Ricardo, Vicente Antonio de Araújo, Mamed Hussein,  Patrício Stavale Malheiro, Nilton Domingos Cabral, Masa Tsuji Bezerra, Anacleto Valtorta, Harly Trench Junior, Lorival de Campos Novo, Leon Adoni e Antonio Carlos Marsiglio de Godoy… Quis o Criador leva-los para junto de si, privando-nos de suas companhias – que descansem em paz.

Num contraponto de sentimentos, a alegre saudade daquele tempo… a alegria de ter saudade do hino: SALVE A ESCOLA, A FACULDADE DO BRASIL MODELO…

Casa de Arnaldo, abril de 2012″

 

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