PATRÍCIO MALHEIRO: NEFROLOGISTA DE FORMAÇÃO, HUMORISTA NATO por Eduardo Berger
Patricio Stávale Malheiro, além de aluno excelente da nossa turma, fez bela carreira universitária, sendo professor assistente da Nefrologia do HC. Sua morte prematura (56 anos) entristeceu-nos ao extremo – que descanse em paz.
Foi um grande amigo, e um notável parceiro nas “bolações” de quadros e músicas para o SHOW MEDICINA! Tinha um senso de humor incrível, um “sacador” de primeira! Conto um caso emblemático desse Mermãozinho querido e saudoso.
Éramos quintanistas, era eu o diretor do SHOW naquele 1968, “o ano que não terminou”… sempre ele!
Talvez não saibam, ou não se lembram, o professor Luiz Edgard Puech Leão (24ª turma) promovia um curso anual de angiologia muito prestigiado, com a presença de ilustres cirurgiões por ele convidados. Eram 2 ou 3 dias com palestras muito concorridas, no Teatro da FMUSP. Ao término de tal evento, oferecia uma recepção em sua bela casa. Foi aí que o bom amigo Baptista Muraco, da 49ª turma (à época, residente), falou comigo. Pediu-me que juntasse alguns “estrêlos” para divertir os convidados com algumas coisas do SHOW e, logicamente, participar do tal ágape… Claro que uma boca livre dessas, e mais ainda, compartilhar da honrosa companhia dos mestres, não perderíamos por nada! O Patrício foi um dos primeiros lembrados e, juntamente com Szeles, Décio, Ranoya, Lalaina, Marito (já na 53ª), lá fomos nós, usufruir de bons vinhos e whiskys, comida farta e de primeira! E só “gente bonita”, louca pra dar risada: tava pra nós a salada!
Em dado momento, bem comidos e bem bebidos, assumimos o showzinho… A primeira atração: A piada do confessionário!
Um parêntesis para contar que na apresentação original, no Teatro da Faculdade, foi assim: Patricio, um padre oriundi, recebe em confissão, Luiz Plinio, Mixirica, uma moça recatada. Ela conta que os pais saíram e que estava só, com o namorado, vendo TV na sala, quando o jovem se aproxima mais dela… O padre arregala os olhos e pergunta: -“E doppo”? Aí, que ele pegou sua mão… Interessadíssimo, o padre, se anima: -“E doppo”!? A moça diz que o namorado se abraçou a ela… -“ E doppo, e doppo”?!! – já bem mais ansioso… Aí, que ele começou a lhe dar beijinhos no pescoço! O padre já pouco se controla e pergunta com entusiamo: -“E doppo, e doppo? Conta logo figlia mia”!!! E ela: -“Então, vovó entrou na sala e estragou tudo! O padre explode: -“MALEDETTA VECCHIA”! (pausa para risos)
Voltando à casa do Puech: tudo igual… só que o papel da moça foi dado ao Marito. Sem querer “querendo”, proposital, ou simplesmente alguns eflúvios etílicos a mais, Marito começa sua confissão dizendo: -“Ele me tascou um beijo”! MEODEOS, gelamos, virei até de costas! E agora o que faria o namorado? E assim foi… de “me agarrando”, a “tirando a roupa”!!! Quando entrou a Vó, o Patricio saiu com um “Benedetta Vecchia”!!! E, se bem me lembro, ninguém entendeu, ninguém riu da piada.
Só que ele ainda completou em off: “Se essa véia demorasse mais um pouco pra aparecer, teríamos sido expulsos da Faculdade”!!
GRANDE PATRÍCIO!!
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Eu também estava nesta festa e foi quando criamos uma frase que durante muito tempo definia quando uma piada era muito boa apesar de velha. Quem lá esteve se lembrará.
Vou corrigir a falha, Maninho Décio! Perdoe, a memória derruba os velhinhos…
Boa lembrança! A sequencia era:
1. alguém conta uma piada já bem conhecida;
2. imediatamente, é contestado: “essa é velha”!
3. ele retruca: “é velha, mas é boa, que nem a Marlene Dietrich”!
Claro que tudo isso muito antigo – poucos se lembrarão da “Anjo Azul” de Berlim, dona das “pernas mais bonitas que o cinema já mostrou”!
Já ouvi versões citando Vera Fisher, Cristiane Torloni, e até Claudia Raia.
A memória pode derrubar os velhinhos mas a elegância do maninho Berger essa ninguém derruba.
Encontrei o Patricio pouco antes de ele morrer, na Associação dos Médicos do HC, já bem depauperado., mas ainda com veia humorística. Contamos algumas passagens da faculdade e nos despedimos.