sexta-feira, outubro 18

MARCUS RANOYA, ETERNO! Eduardo Berger

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Baseado na minha fala de 2012, quando da inauguração da Sala de Reuniões da Associação dos Médicos do Hospital Edmundo Vasconcelos.

Ela tem o nome de seu co-fundador e primeiro Presidente:

“Dr Marcus Aurelius Albuquerque Ranoya”

“Preciso externar em palavras o tamanho da perda de meu melhor amigo – como se isso fosse possível! Certamente, não é. Adjetivar o cara não foi o bastante pelas manifestações já havidas! O Ranoya transcendia ao habitual! Quem o conheceu sabe que isto é verdade. Vou só listar algumas de suas “proezas”, de suas “tiradas”, de suas “criações”, do que pude me lembrar de convívio que tivemos:

  1. Em fevereiro de 64, primeiro dia útil, foi nosso primeiro encontro: era o primeiro dia de aula na Faculdade do Brasil Modelo.
  2. O curso médico, a Mac Med, o Show, a Residência Médica no HC; ser meu padrinho – ao lado de sua querida Malú – nos meus dois casamentos (!), a diária convivência profissional até a fatídica perda no ultimo dia 11 de agosto… puxa! Precisa mais, para demonstrar o quanto estivemos unidos?
  3. Foi aluno muito acima da média (muito melhor do que eu), foi um “bolador” fantástico de dezenas de quadros e piadas do SHOW – sua criatividade impressionava. Verve e espírito apurados, dignos da admiração de todos que o cercavam!
  4. Mentor intelectual do Livro de Ouro do SHOW, em 1966, ano em que eu, tesoureiro, o inaugurei – podemos ter a certeza que esta contribuição deu o up-grade que o SHOW precisava para tornar-se ainda maior!
  5. Nossa amizade transcendia aos fatos daquela conturbada década de 60: éramos absolutamente antagônicos na política universitária, apear de irmãos, amigos de fé, camaradas! Parece incrível, não é mesmo? Mas, pasmem, fui um dos signatários da proposta (aprovada em assembleia!) de sua expulsão do CAOC, quando ele, membro de uma chapa, se candidatou ao DAOC (Diretório…), entidade condenada e proscrita pela classe universitária, que repudiava, na época, a extinção da UNE, UEEs e Centros Acadêmicos! A nossa amizade tinha laços tão sólidos, que conseguimos superar aquele momento!
  6. As farras, as “minas e as paqueras”, as atividades extra-curriculares foram tantas… Constituíamos uma “panela”, na companhia de pelo menos mais uns 20 colegas da turma que era “temida” e respeitada! Nossos laços com as outras turmas – mais velhas e mais novas – era tão significativa, que o grupo era realmente muito forte e ficava patente a capacidade de agregação do Ranoya e de nossa “gang”!
  7. Ainda residentes do HC, carregamos juntos todo o início da história da velha “Gastroclínica”, para onde fomos conduzidos pelas mãos do “chefe”, Prof. Edmundo Vasconcelos – e dia 11 ele me deixou “sozinho”, ainda na mesma equipe, como seu derradeiro pioneiro…

Havíamos combinado fazer uma festa, em fevereiro de 2014, para comemorarmos os 50 anos de nossa “união estável”! Sua partida faz-nos chorar nos “apenas” 48 anos e meio…

Porém, a nossa 52a turma fará a festa de qualquer maneira, vamos rir, nos confraternizar, louvar nosso “Jubileu de Ouro”! Ainda que com o coração partido pela perda do amigo maior!

Foi-se uma inteligência superior! Meu mundo ficou mais vazio… Adeus, meu irmão. Descanse na eternidade… vamos tentar ir levando as “coisas” por aqui do jeito que você nos inspirava”…

ET: Prometo postar em áudio, alguns monólogos que meu inesquecível companheiro escreveu para um quadro do SHOW que marcou época (“As garotas propaganda” – anunciantes de produto que, naquele tempo, eram famosas na televisão – eram de várias nacionalidades e todas falavam, com seu sotaques característicos, de um mesmo produto: FRALDAS!). Um humor que só ele era capaz de transmitir: fino, sutil, picante, porém sem a mínima tendência ao chulo ao vulgar!

 

1 comment

  1. Decio R. K. Oliveira 31 março, 2018 at 15:18 Responder

    Das “proezas” que o Berger relata do nosso querido e já saudoso
    amigo Ranoya, só não me lembrava do episódio do DAOC. Talvez por ter
    perdido meu tio Décio, primeiranista de direito na São Francisco,
    que foi assassinado na Praça da Sé em 1936, sempre procurei me
    afastar da política universitária seguindo os conselhos do meu pai
    temeroso que nos tornássemos mais um “inocente útil”, como ele
    sempre dizia. Queria acrescentar a esta lista que o nosso amigo Marcus
    nos ligava, às vezes, nos momentos mais inesperados, para uma palavra
    de conforto, um convite pra uma reunião na sua casa ou uma “novidade”
    sobre os Beatles. Esta perda vai ser difícil de digerir.
    Descanse em paz meu amigo.
    Um forte abraço a todos.

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