Em 1966 iniciamos, no período vespertino, o curso de Ortopedia e Traumatologia na C.O.T.
O Professor João Alvarenga Rossi, já admirado pela turma pelo seu jeito educado, gentil, bonaçhão e sobretudo muito competente no estudo da coluna toráco-lombar, foi o responsável por este tema e discorreu um bom tempo sobre aspectos funcionais e médicos pertinentes.
Com exibição de radiografias, chamou a atenção para aspectos anatômicos, patológicos, traumáticos e funcionais, ressaltando sempre que uma boa história e um bom exame clínico e neurológico eram fundamentais nestes últimos.
A assim chamada lombalgia, queixa das mais frequentes, na maioria das vezes era fruto de uma postura viciosa, indisciplina no levantar e carregar pesos, falta de alongamentos e também fraqueza de grupos musculares antagônicos no equilíbrio da coluna. Reafirmou de forma inequívoca, mais uma vez, que em se tratando de problema funcional, o exame clínico, muscular e neurológico já referido, era diagnóstico e orientador da terapêutica.
A platéia, já ultrapassada aquela sonolência pós-prandial, ouvia atenta os ensinamentos, mas o “minerin”, sentado nos lugares mais baixos do anfiteatro, não escondia sua ansiedade e logo que o mestre perguntou se alguém tinha alguma dúvida, levantou a mão.
Com sua habitual educação o Dr. Rossi escutou:
“Professor, acho que este é meu caso, dormi meio encolhido, meu colchão é bem molinho e estou com uma dor nas costas do lado direito”.
“Ótimo meu filho, sua pergunta veio a propósito e acho uma boa ocasião para examiná-lo”.
Resumindo, o mestre fez toda a propedêutica e concluiu que havia escoliose lombar e déficits musculares, próprios de postura inadequada e orientou o colega.
Durante a noite nosso “minerin” não se sentiu bem. A dor aumentou e surgiram náuseas e febre. Atendido no PSC, foi submetido à apendicectomia por apendicite retro cecal bloqueada.
O Professor João Delfino Michaelson Bernardo de Alvarenga Rossi, homenageado da nossa 52a Turma da FMUSP, faleceu no dia 11 de janeiro de 1994, deixando um enorme legado médico e acadêmico.
O apêndice do nosso querido Murílo Pereira Coelho foi para o “balde” na ocasião. Posteriormente, a lombalgia só reaparecia quando ele pensava na medalha perdida no atletismo da Mac-Med. Mas isto é história para outra ocasião.
“DANS LA MÉDICINE COMME DANS L’AMOUR NI JAMAIS , NI TOUJOURS”, dizem os antigos.
1 comment
Leave a reply Cancelar resposta
-
Boanerges de Souza Massa, o “RETORNO” – por Eduardo Berger
24 de janeiro de 2024 -
A pediatria no contexto da 52ª, Pedro Takanori Sakane & Ulysses Dória Fº
7 de dezembro de 2019 -
SEXO E ESCARGOTS por BONNO VAN BELLEN
4 de novembro de 2019
ISAIAS RAW, um ícone da Casa de Arnaldo
23 de maio de 2023Professor Edmundo Vasconcelos e a Cadeira 10 da Academia Paulista de Letras
18 de junho de 2022
Caro Anania: Já não me lembrava dessa história. Mas me lembro muito bem de nosso querido mestre, ele, também, mineiro de Pouso Alegre. (Murilo Pereira Coelho – 2017)
————————————————————————————————————
Naquele tempo ñ tinha tomo, US nem RM. (Joel De Mello Franco – 2017)
————————————————————————————————————
Lembro-me da aula em que servi de modelo para o nosso querido professor João Rossi mostrar algum detalhe anatômico. Paguei um mico pelo bem da nossa turma. (Decio Kerr Oliveira – 2017)
————————————————————————————————————
Ainda bem que não foi o Campos Freire ou o Dr Daher Cutait a pedir que você mostrasse um detalhe anatômico em relação à especialidade deles! (Eduardo Verani – 2017)
————————————————————————————————————
Beleza! Bob Nana querido!! Parabéns!!! (Roberto Cury – 2017)