Julio Funabashi não esteve na festa do Jubileu por Eduardo Berger
O “Pequeno Grande” Médico JÚLIO FUNABASHI: uma ausência sentida…
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Logo após o término do curso (1969), ele compôs, ao lado de Mario Egashira, Carlos Watanabe, Marco Antonio V Lobo, Marcos Aurelius A Ranoya, Caetano Z Mammana Jr e eu (Eduardo Berger), o grupo dos sete médicos que iniciaram seu programa de residência, na 2ª Clínica Cirúrgica do HC (Serviço do Professor Edmundo Vasconcelos). Sem dúvida, formamos um grupo bastante harmônico e colaborativo. A grande amizade que nutríamos, mutuamente, enquanto acadêmicos, fortaleceu-se sobremaneira – são aqueles vínculos que permanecem eternamente…
A vida profissional nos afastou, praticamente não tive mais contato com ele desde então. Houve muitos felizes encontros da turma ao longo dos anos, mas nunca contamos com a presença dele: sabíamos de suas sérias limitações físicas, sequelas em consequência de grave acidente automobilístico, do qual poucas informações nos chegaram.
Discreto, tímido talvez, Julinho era uma pessoa encantadora pela sua bondade e generosidade. Foi conosco para a Europa, quintanistas da FMUSP, tendo composto a “tripulação” de seu Renault, juntamente com a Lydia, o Murilo e o Watanabe.
Alguns flagrantes da fantástica viagem!
Quando se aproximava nosso Jubileu, como sabem os colegas, me empenhei em fazer contatos, sobretudo com os mais “ausentes”, visando termos o maior número possível na grande festa.
Então, mandei uma mensagem/convite para o Júlio, convidei-o e mandei a linda foto aqui exposta (no JA-JU de 1968), imaginando que iria motivá-lo – o que certamente ocorreu… não esperava o quanto (como verão mais adiante, nesta narrativa)!
Na sequencia, falamos ao telefone, e eu pude notar seu entusiasmo, sua voz embargada, sua nítida emoção e sua sincera intenção de ir à Faculdade no dia do Jubileu, 25 de outubro de 2019. Sua modéstia proverbial fez com que tecesse mil agradecimentos por termos “nos lembrado dele”… Mandou, inclusive a mensagem abaixo:
No dia de nossa festa, 25 de outubro, não tivemos sua companhia. Constou como “faltou”… não sabíamos de sua partida 4 dias antes.
Enviei para todos que não foram, inclusive para os familiares dos falecidos, os mesmos brindes que recebemos na solenidade: a placa, o crachá, o livro…
A placa do Julio já estava pronta – precisei voltá-la à gráfica e, dolorosamente, incluir o “in memorian”, e enviei para o Marco Antonio Funabashi, seu filho. Mandei também a foto com ele de “centro-avante dos JA”. Para minha surpresa, ouvi dele: “Já vi essa foto”! Eu lhe disse: -” Ah, sei! Seu pai lhe mostrou”?… e o Marco: “Não, não – papai morava sozinho. Fui à sua casa dar um jeito em tudo, depois do seu falecimento. Encontrei esta foto num porta-retrato, numa estante, ao lado de sua cama…”
Não tive palavras, apenas uma lágrima!
“A FOTO” na sua estante.
O escudo tricolor, logo atrás, denuncia a preferencia de nosso Julinho!
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Que linda homenagem Eduardo! Muito obrigado por ter escrito e deixado registrado no site da turma de medicina. Nas internações do meu pai em 2019 ele comentava da festa do jubileu! Faço das palavras dele as minhas mais uma vez: “obrigado por ter lembrado dele!”.
Grande abraço
Dos filhos Julio, Marco e Márcia,
O tempo suprimiu-me muitas memórias da minha convivencia com Julio. Uma contudo, pemaneceu: sua ética com humildade!
Linda reportagem Berger. Tenho apenas boas recordações do Julinho . Que pena que ele não pode participar das festividades do 50 anos de formados.
Triste saber que ele morava sozinho numa situação de extrema fragilidade! A Marcia, minha esposa com Alzheimer, parece completamente fora de órbita, mas quando eu a abraço ela se agarra em mim com uma força descomunal! Com seus frágeis braços me apalpa como se eu fosse a tábua de salvação!
Alimentação, banho, limpeza feito por alguém ligado a ela são premiados com um sorriso deslumbrante! Mas para os “ausentes” apenas o facies marmóreo!
Torço muito para ele ter tido a chance de abraçar ou ser abraçado por alguém que o amava!
Xará, lindo o que você escreveu sobre o Julinho.
Comoveu-me também .
Meu estimado Xará Verani
Escrevi, li e reli algumas vezes… e sempre me comoveu.
Hoje precisei editar a postagem por força da mensagem recebida de sua cliente Aleksandra (veja abaixo) – li de novo: mas uma lágrima rolou… inevitável!
Hoje estava procurando na internet o nome e o telefone, do Doutor Júlio Funabashi, que me recordo, era em São Miguel. E acabei por encontrar essa homenagem linda!
Passei com ele há muitos anos pelo convênio, e hoje como estou sem, estava procurando por ele para passar em consulta particular, porque eu lembro que ele era um excelente médico, calmo, atencioso e atendia com uma música bem baixinha no seu consultório…
Sinto muito, é uma pena ter perdido esse excelente profissional.
Obrigado pelo registro Aleksandra. Meu pai amava a profissão e a maior prova disso são relatos como esse!