Todos que tiveram Prof. Edmundo Vasconcelos como mestre, têm passagens hilariantes para contar. Esta é uma das minhas.
Vasco, como o chamávamos, era realmente bom no que fazia. Só como exemplo, para os que não sabem, foi ele quem sistematizou e padronizou a linguagem gestual da instrumentação cirúrgica. Os colegas cirurgiões que me corrijam se estiver errado.
Para a alegria de nós, alunos, sua competência se igualava à sua vaidade, tema de tantas estórias que nos propiciavam diversão garantida. Para sairmos de situações adversas, bastava elogiá-lo. Era realmente cômico.
No Internato, passando por sua cadeira, numa manhã perco a hora e chego atrasado ao anfiteatro, onde naquele dia, justamente ele é quem dá a aula.
Abro a porta e … desgraça!
Vasco interrompe a aula e me pergunta:
– “O jovem pretende ser médico?”
Eu, sem saber o que dizer, balbucio:
– “Sim, Professor…”
Ele:
– “A depender de mim, com essa barba, não.”
A barba por fazer é comum, a correria no Internato e na Residência é a regra.
Inspirado, eu discurso:
– “Professor, nossa vida atribulada hoje me deixou nesse dilema. Ou faço a barba, ou vou assim mesmo. Sem querer perder suas palavras, resolvi vir correndo, dispensando o barbear.”
Ele, que é baixo, cresce a olhos vistos. Um sorriso indecentemente cruza seu rosto, de uma orelha à outra. Com um braço em meu ombro, dirige -se à classe:
– “Vejam vocês este exemplo de responsabilidade no estudo!”
Faz um dos assistentes me ceder o lugar na primeira fileira.
A classe inteira quer gargalhar…
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