Chegamos em Lisboa na tarde de 23 de junho.
Entramos em Portugal com os passaportes colocados numa lista. Ou seja, não houve passagem individual. Berger, Henrique e não sei quem mais, providenciaram tudo. Dois ônibus nos esperavam. Assim que entrei, com o Mammana, uma demora: pelo visto faltava alguém. Depois de alguma espera , o atencioso chofer, em alto e bom tom pergunta: “Mas quem não está presente? Risada geral. Logo partimos.
Ficamos três noites em Lisboa: Parque Eduardo VII, o Elevador de Santa Justa, Av. da Independencia, a Praça do Rossio (com a estátua referida de Dom Pedro IV de Portugal e I do Brasil). Tempos depois me informaram que a estátua não era verdadeira. Fora trocada por um gajo na véspera da inauguração. A verdadeira não tinha ficado pronta. Se alguém conhece outra história, por favor, corrija. Uma noite, fomos conhecer a famosa “A Cesária”, casa de fados e “fados”.
Visitamos também Cascais, Estoril, castelos, o museu das carruagens, a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, etc… Ainda fomos ao Café Nicola, onde Bocage fazia sarau de poesias. E eu, sempre ligando Manoel Maria Barbosa du Bocage, o maior esbanjador de talento da língua portuguesa, somente a piadas jocosas.
E mais, ah o Tejo! A belíssima ponte “sobre o Tejo”, inaugurada pouco tempo antes, ainda se chamava “Ponte Oliveira Salazar”; posteriormente, com a ocorrência da Revolução dos Cravos, renomeada de “25 de abril”. Alguém, inocentemente, perguntou a um gajo: -“Oh, senhor, o que se vê do outro lado do Rio?”. -“Pois, Pois – responde ele – ora, pá. o lado de cá”! Tá me gozando seu FDP. PQP! Ele fala português! Isto me lembra agora o Lech, que soltou um PUM no metrô de Paris, porque pensou que não entendiam o português… Mas escutavam bem, é claro e tinham olfato perfeito (ou não são os maiores especialistas do muno em perfumes?).
Quando tomamos um taxi Mercedes Benz, preto com capota cor de abacate, alguém perguntou ao chofer como iam as coisas, e a resposta foi: “Poderia estar pior”! E ainda, o senhor é a favor do governo? E veio de lá: “Não vou dizer que sou contra”… E que tal Oliveira Salazar? Aí, o chofer, com o dedo indicador na boca disse: Psiu, as paredes têm ouvidos”.
Por fim, na partida para Madrid a coisa ficou feia! No aeroporto lisboeta, onde curiosamente via-se um aviso: “Está proibido de fumar no exterior”, a passagem pela policia federal, desta vez, foi individual. Na entrada, coletiva, com aquele mundaréu de passaportes, um de nós não recebera visto de entrada. Aí, a fila parou: “SE NÃO ENTRASTES, COMO QUERES SAIRE”, ouviu-se da autoridade lusa. Confusão! Chama os “chefes”. Conversa vai, conversa vem, ufa, saímos! Logo em Portugal.
Até hoje não se sabe de quem foi a incrível proeza, de “não entrar em Portugal, porém conseguir sair”!
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MOMENTO CULTURAL – Antológico soneto de Manoel Maria Barbosa du Bocage
“JÁ BOCAGE NÃO SOU… À COVA ESCURA”
Já Bocage não sou!… À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!… Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui… A santidade Manchei!…
Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
(Roberto Anania de Paula – 2017)
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Belas passagens! Perdi essa viagem.
Quanto à estátua, o que a mim contaram (foi meu ex-sogro, português), é que a estátua é de Maximiliano de Habsburgo, que foi imperador do Mexico no Segundo Império Mexicano. Ele se declarou imperador em 1864. A estatua foi encomendada e enquanto estava a caminho do Mexico, o imperador foi deposto e fuzilado em 1867. Foi um império curto…
O navio fez meia-volta e rumou para Lisboa, onde haviam encomendado uma estatua para Dom Pedro IV, nosso Dom Pedro I. Ninguém viu a diferença e o escultor ganhou seu dinheiro! (Bonno Van Bellen – 2017)