O homem tinha bastante dor no pé. Era uma úlcera isquêmica e a lesão obstrutiva principal era da ilíaca comum. O outro lado estava bem. Optou-se por uma derivação tecnicamente simples para diminuir a agressão cirúrgica e a permanência hospitalar. Foi feito um enxerto fêmoro-femoral cruzado que cruza na região supra-púbica. Correu tudo muito bem. Da sala de cirurgia voltou direto para o quarto. A dor do pé cessou como por encanto.
Na manhã o seguinte fui vê-lo na enfermaria. Não estava no leito. O parceiro de quarto, meio sem jeito, informou que tinha ido ao banheiro. Fiquei impressionado com a disposição. Afinal tinha sido operado há menos de 24 horas e antes da cirurgia mal saia da cama. Mas será que estava tudo bem? Resolvi averiguar e bati de leve na porta do banheiro. Não houve resposta. Abri a porta. Será que estava tudo bem?
Ele estava em pé. A calça do pijama no chão. A faxineira debruçada sobre a pia, a saia levantada até a cintura e a calcinha nos joelhos.
Eles nem perceberam minha chegada e continuaram na mais passional solução de diminuir tensões. Os ferimentos cirúrgicos das regiões inguinais, cobertos por curativos, eram docemente protegidos pela maciez do volumoso traseiro da moça. Certamente não estava se machucando.
Fechei a porta e dei a ordem para os residentes: podem dar alta hoje mesmo.
Até hoje não sabem o porquê da alta precoce.
Várias vezes ainda cruzei com a faxineira. Permaneceu bem humorada por bom tempo. De precoce, só tinha sido a alta. O resto deve ter sido no tempo certo.
O paciente nunca mais vi, nem apareceu para tirar os pontos.
Seu companheiro de quarto deve tê-lo informado de minha visita.
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É o que se pode chamar de excelente resultado cirúrgico!