sábado, julho 27

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS MÉDICAS NO INTERIOR DO BRASIL, por Clara Brandão (justo orgulho para a 52ª)

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Maio de 1971

Uma equipe formada por três casais e cinco médicos (dois pediatras: Franklin e Clara, uma obstetra: Elizabeth Kipman, um cardiologista/clínico: Clovis Carneiro e um cirurgião: Rubens Brandão) parte para Miracema do Norte (GO) que atualmente constitui o Estado do Tocantins.

Eram fornecidos apoio e incentivo pelos sanitaristas José Guedes da Silva (ex-secretário da saúde de Mário Covas) e José Carlos Seixas (participou do 1º escalão dos ministros Seigo Tsuzuki e Adib Jatene) para colocarmos em prática a medicina preventiva. Estagiei com Nelson Chaves e Malaquias Batista (nutrólogos do Instituto de Nutrição de Pernambuco) que tinham um centro de recuperação nutricional (CERN) no interior do estado. Fundamos as duas primeiras unidades “CERN” em Goiás: uma em Miracema do Norte e outra em Porto Nacional.

Com a ajuda das visitadoras domiciliares do hospital, fizemos um dicionário. Exemplo:

– Arribar = levantar

– Apear = descer

– Esbacuação na vergonha = corrimento

– Desistir = defecar

– Parir = parto

– Caminhadera = diarreia

Nos primeiros meses em Miracema tivemos 3 rupturas uterinas.

1º) óbito materno infantil porque já chegou agonizante.

2º) óbito materno porque chegou com ruptura

3º) ao dar entrada no hospital a paciente deu um grito intenso (estava agonizando) e fomos para o centro cirúrgico e sem nenhuma higienização a mulher foi aberta, a criança retirada e a hemorragia estancada resultando no salvamento da mãe e do seu bebê.

Atendemos a muitos casos de berne, miíase com exposição da carótida, corpo estranho no nariz e ouvido.

Em um dos casos chegou uma criança com edema interno do nariz após muitas tentativas em casa. Seu pai portava um revólver e dizia que se seu filho morresse, nós também morreríamos. O pediatra Franklin, na tentativa de acalmá-lo, disse “sente-se, vamos fazer o possível”. A criança sofreu uma parada cardíaca, contudo, conseguimos reanimá-la. Eu havia feito uma pinça especial para a retirada de corpos estranhos: uma agulha com ponta entortada presa a um lápis que funcionou bem.

Posteriormente descobrimos um método não invasivo para o nariz: pimenta do reino. O espirro era tão forte que nunca mais se achava o milho ou feijão. Para retirada do berne, talvez vocês se lembrem, se cobria o orifício com banha de porco. A larva espinhosa sem oxigênio se mexia muito e o paciente sentia dor.

A solução foi utilizar lepecid larvicida animal diluído em água que era aplicado com uma seringa introduzida no orifício até o interior da larva.

Nas miíases: creolina ou lepecid diluídos.

Tivemos dois casos graves:

1º) as larvas haviam escavado um túnel do tornozelo até o joelho.

2º) exposição da carótida.

A Secretária de Saúde de São Paulo nos forneceu um lote de vacinas anti-sarampo. Com alta prevalência de desnutrição, a mortalidade infantil era muito alta principalmente pelo sarampo. As vacinas, com validade para 10 dias nos foram cedida pela Secretaria de Saúde de SP. Em busca ativa, vacinamos todas as crianças com 6 meses, baixamos para 5 e 4 meses para não perder as vacinas. E a partir daí não tivemos mais óbitos nenhum por sarampo. Com isso, a população entendeu a importância da imunização. No entanto, para as outras vacinas só restavam poucas seringas de vidro. Em São Paulo já havia a utilização de seringas descartáveis e pedimos para os hospitais guardarem as seringas usadas. Elas eram esterilizadas e usadas em nossas campanhas de imunização. Para melhorar a “casa do parto” de D. Domingas e abrigar o Centro de Recuperação de Desnutridos (CERN), o bispo da cidade doou a renda da quermesse.

Miracema

“Quando tive minha 2ª filha, recebi um presente inesquecível: estava de resguardo quando chegou uma senhora com uma melancia na cabeça. Ela havia caminhado 6 km, porque desde que comia tudo que se produzia no sítio, ninguém mais adoecia e descobriu-se que a melancia não quebrava o resguardo, mas aumentava a saúde”.

Nós, os 5 médicos, fomos para o interior pedir prendas (boi ou bezerro, galinhas, perus, etc) para leilão, e com a renda compramos e equipamos duas casas: a maternidade e a creche.

Criamos o 1º jardim de infância de Miracema.

Com a ajuda de meu pai, conseguimos impedir o corte de diversas árvores da praça que foram transplantadas para o hospital para suavizar o calor. Quando lá chegamos, em 71, não tínhamos legumes e verduras. Então, começamos as primeiras hortas com taioba, bertalha, uso de folhas de batata doce, abóbora, etc. Para nosso consumo, nossos pais enviavam todas as semanas um isopor com legumes e verduras pelo avião que uma vez por semana fazia o percurso São Paulo-Goiânia-Miracema-Belém. Recebíamos os isopores na porta do avião e a tripulação nos dava todos os jornais e revistas e nas reuniões com os pais dividíamos as folhas com eles. Alguns sabiam ler, mas seus filhos não tinham nada escrito para treinar a leitura. Como muitas vezes o artigo começava em uma folha e terminava em outra, havia troca das folhas visando interesse em ler o artigo todo e saber o que acontecia fora dali.

Certa vez, meu filho com 5 meses teve meningite. Como só tinha luz das 18h às 22h, pedi ao dono de uma sorveteria local para fazer gelo para baixar sua temperatura. Só tínhamos novalgina em comprimidos, benzetacil e para a convulsão gardenal em comprimidos. Ele entrava em opistótono dentro da banheira. Nesse dia chegou minha mãe que havia pedido a alguns colegas medicamentos injetáveis e lá estava o Binotal. Eu já tinha utilizado no Hospital da Criança para meningite. Foi o que salvou o garoto que ficou com algumas sequelas. Ganhávamos muitas galinhas, ovos e frutas dos fazendeiros. E no final do ano os pais com seus filhos iam às casas dos fazendeiros agradecer às ofertas e relatar os progressos alcançados. Três anos depois a equipe se desintegrou: dois colegas voltaram para SP, o Franklin ficou em GO e nós fomos para Altamira e depois Santarém.

Altamira

No período de construção da Transamazônica, ocorreram malária e pium, causa da síndrome hemorrágica de Altamira, com petéquias, equimoses e vários casos de menstruação contínua devido à queda acentuada de plaquetas. Por essa razão nos mudamos para Santarém, no baixo Amazonas. Rubens entrou para a FSESP (Fundação Serviços de Saúde Pública) e eu fiquei no INAMPS. Nessa época as trombas d’água eram frequentes e tivemos nossa casa alagada em minutos, várias vezes.

No 1º dia do ambulatório me deparei com 15 crianças desnutridas graves: marasmo e kwashiorkor. Foi quando a LBA me procurou para ser presidente do núcleo de voluntariado para fundar 13 creches.

Na época houve uma seca intensa, com falta de água ao lado do maior rio do mundo, e desnutrição em todos os bairros. Todavia, nenhum programa de alimentação em toda a região. A verba por criança era de uma passagem de ônibus por pessoa, e alimentação do café da manhã ao jantar, material de limpeza e brinquedos.

Fizemos creches em biblioteca de escola, centros comunitários, parque de exposição, agropecuária, clube de mães, etc.

Fizemos hortas perenes em cada creche (necessitava pouca água), levantávamos com os idosos da comunidade os alimentos que eles comiam antigamente e os tipos de preparação e descobrimos que a segurança e a soberania alimentar devem se basear no bioma e estação do ano, sendo que os “matos comestíveis” da localidade são sempre orgânicos e muito ricos em micro-nutrientes.

O cardápio precisava ter 4 características básicas:

  • Alto valor nutritivo
  • Baixo custo
  • Paladar regionalizado
  • Preparo rápido

Usávamos: arroz, feijão, carne, verduras e legumes em pratos únicos, frutas frescas.

A história da Multimistura começa quando eu fazia História Natural (atual curso de Biologia) na USP.

Meu professor do supletivo me inscreveu para Biologia (eu não tinha o certificado do segundo grau, porque o colégio Dom Pedro onde eu prestei o exame achava que eu não tinha o mesmo direito que os alunos que faziam o curso regular e me reprovaram em Biologia. Tive que passar nesse vestibular na frente dos alunos para ter o certificado).

Hidroponia só era em laboratório para experiências. Na solução usada o mineral que mais se destacava era o zinco. Na dosagem correta (a mesma concentração de solos férteis) a resposta era ótima.

Estava no 2º ano quando entrei para a Medicina e me perguntei porque não se dosavam os minerais em humanos. O zinco participava de mais de 300 reações químicas.

Em 1969 prestei concurso para residência de Pediatria quando me perguntaram:

  • Solteira ou casada?
  • Tem carro?
  • Mora em casa própria?
  • Precisa trabalhar para se sustentar?

Como me recusei responder, Dra Heda me disse: -“só deve fazer residência quem é rico e tem tempo para estudar e pesquisar”. Respondi: -“e quem vai cuidar das crianças necessitadas do interior do Brasil? Quero responder perguntas de assuntos médicos, não pessoais. Enfim, passei e cursei por um ano.

Enquanto estudante, fiz parte do grupo Miguel Couto de universitários: Ciências Sociais, Psicologia, Pedagogia, etc. Porém, à medida que os anos passavam, os colegas foram tomando rumo e restaram 5 médicos que ainda se dispunham a ir para o interior.

Queríamos fornecer uma experiência de Saúde Pública para todos, incluindo:

  • Imunização
  • Implantação dos gráficos da criança e gestante
  • Parto hospitalar
  • Ações básicas de saúde
  • Creches
  • Atendimento a todos que chegassem ao hospital
  • Reforçar a equipe de busca ativa
  • Hortas
  • Alfabetização

Em 3 anos havíamos alcançado quase todas as metas. A população de início estranhou os “dotô de havaiana”. Os doutores indo ao açougue, aos mercados, valorizando as preparações culinárias da região: panelada, buchada, chouriço, paçoca e carne de lata, etc.

Aproveitamos todas as frutas da região como o caju, araçá, limão, cravo, pequi, laranja da terra, buriti, óleo e leite de babaçu, óleo de pequi, uso do jucá para melhorar a cicatrização, gergelim, coquinhos amarelos, etc; além de valorizar o artesanato: pilão de pau brasil de vários tamanhos, peneira de bambu e cipó, cestos, rendas de bilros, redes, etc. Óleo de copaíba, lambedor, etc. Difícil foi aprender a comer a farinha de mandioca caroçuda.

Horta perene

Seca brava e quase 400 crianças desnutridas nas creches e não havia nenhum tipo de folhagem. 800 m² numa escola com cerca e água foi cedida para uma horta. A diretora passou a vender em sua taberna as verduras da horta. Pedi a ela duas vezes para não vender as verduras. Não adiantou. Marquei uma reunião com ela no colégio. Quando cheguei lá, ela havia mandado passar o trator para destruir a horta.

Dois meses após o início das chuvas entrei no colégio. E surpresa: tinha virado uma horta de taioba, porque cada pedaço de tubérculo dá uma muda, e o trator passara duas vezes. Foi quando concluí que tudo que se plantava de semente: couve, alface, repolho, etc, uma vez cortado desaparece. Apenas os matos são perenes, e a partir disso, cada creche teve uma horta com taioba, espinafre africano, abóbora, bertalha e orapronobis.

Certa ocasião a mãe de uma criança perguntou qual a razão dos meninos da creche não terem dor de dente e os que ficavam em casa terem. Uma dentista examinou as crianças e disse ser incrível não ter encontrado nenhuma criança com cárie. Em Brasília entrei em contato com dois dentistas que fizeram o CEOD de três creches: uma com uso de Multimistura e duas sem. As que não usavam tinham 56 e 60% mais cáries.

Em Brasília havia uma corrida de crianças conhecida como “Marotinha”. Perguntei ao professor se participavam e ele respondeu que antes da Multimistura as crianças ganhavam somente duas medalhas e não queriam mais participar. E após o consumo da Multimistura, todos os participantes conquistaram medalhas.

Nas décadas de 70 e 80 havia um vestibular para frequentar o primário (poucas vagas). Chamou a atenção que nossas crianças todas conseguiam vaga. Os desnutridos graves conseguiram sobreviver (não tivemos 1 óbito sequer), aprendiam a ler e escrever. Vários terminavam o 1º e 2º graus e alguns chegaram ao 3º grau. Temos 2 com mestrado e hoje professores de Universidade de Santarém. A Multimistura maximiza a expressão genética porque a desnutrição não provoca a redução do QI, o genoma está intacto. Não se tem notícia de que desnutridos graves cheguem à universidade a não ser os que frequentaram as creches de Santarém.

Multimistura surgiu após uma visita às plantações de pimenta do reino dos japoneses. Colocavam farelo de arroz como adubo, riquíssimo de minerais e vitaminas.

Peneirando e torrando, o farelo exala cheiro de biscoito.

Aleatoriamente passamos a usar 1 colher sopa/criança por dia e que se mostrou suficiente.

  • Em 3 dias a diarreia tinha acabado;
  • Os piolhos e a sarna desapareceram em função do complexo B;
  • O impetigo desapareceu;
  • Melhorou a coordenação neuro-psicomotora
  • Controle do esfíncter
  • Ganho de peso contínuo
  • Redução das infecções, etc.

Depois introduzimos a folha de mandioca desidratada e o gergelim (10 vezes mais cálcio que o leite). A recuperação de desnutridos de modo sustentável continua um sucesso.

E começamos a apresentar em congressos de Pediatria e dela recebemos, em 83, o prêmio Álvaro Bahia de melhor trabalho contra mortalidade infantil. Em 85 fui convidada para integrar a coordenação nacional da Pastoral da Criança. Já estava trabalhando no Ministério da Saúde. Treinamos líderes de todo o Brasil e de alguns países: Peru, Bolívia, Colômbia, Nicarágua, Moçambique e Angola.

Multimistura, por ser autossustentável, perdura por mais de 40 anos sem nunca ter sido financiada sequer pela Pastoral da Criança.

É composta de:

  • 70% de farelo de arroz ou trigo
  • 15% gergelim tostado
  • 15% de pó de farinha de mandioca

É de fundamental importância na reposição de micronutrientes (fome oculta).

Dosagem: 1 colher de sopa por dia.

Atua na redução de

-cólica menstrual

– tempo de trabalho de parto

– Hemorragia pós-parto

– Anemia

– Alcoolismo

-infecções

Rubens fotografava as crianças quando chegavam à creche e depois do uso da Multimistura. A seguir há alguns registros.

  

             

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ensinamos as líderes da Pastoral da Criança como fazer a Multimistura e a mostrar para a comunidade o antes e após os resultados com fotos. Foi a maior argumentação para convencer as líderes a documentar e acompanhar o seu uso no desenvolvimento de cada criança, que apresentam resultado tanto mais rápido quanto menor a idade e mais grave a desnutrição. O uso em prematuros e baixo peso apresentam resultados muito rápidos.

Com o uso em grande escala através da Pastoral da Criança e agentes comunitários com desnutridos ou não, em gestantes e nutrizes, e idosos, observamos os seguintes depoimentos:

  • Parto “solta caroço”
  • Diminuição da hemorragia pós-parto
  • A apojadura é muito mais rápida
  • Muito leite
  • Redução de fissura no mamilo e assaduras do bebê
  • Melhora da disposição do cansaço
  • Redução do consumo do álcool
  • Redução da anemia ferropriva
  • Desaparecimento de câimbras

Esses efeitos se devem ao maior aporte de Zinco.

E como dizia D. Marieta, parteira que havia feito mais de 2.000 partos: “-não preciso mais chamar a ambulância, porque a mulher elimina toda a placenta e não tem hemorragia, e o parto é bem rapidinho”.

Afinal tudo na vida é uma reação química: nascer, crescer, sofrer, amar, sorrir, aprender, comer e ser feliz.

Com os resultados divulgados passamos a receber muitas visitas:

  • Representante de Unicef no Brasil e assessores
  • Coordenador nacional da Merenda Escolar
  • Pediatra da USP para aprender a usar o farelo na redução da absorção do cálcio a nível de túbulo distal já usado no Japão e Canadá
  • Visita por quase um mês de um nutricionista da Unicef (Roger Shrimpton) que concluiu: Todas as crianças cresceram mais do que o esperado para a idade, as de 2º grau 177% de recuperação e de 3º 220%.
  • Associação Brasileira de Pediatria
  • Fundação Kellogs
  • Fundação Ford
  • Várias ONGs, etc.

O BNDES Observou que na década de 80 para 90 havia ocorrido uma queda acentuada da mortalidade infantil e apesar dos indicadores de acesso à saúde, saneamento básico, água não terem sido modificados, chegou à conclusão de que a fato tinha sido em função da Multimistura. E financiou, a custo perdido, uma fábrica com capacidade de 400kg diários em Volta Redonda que atendia 35 mil estudantes. A comunidade local plantou 90 mil pés de mandioca para abastecer a fábrica com o pó das folhas desidratadas.

A seguir, são apresentados alguns desenhos de mulheres antes e 15 dias depois do uso da Multimistura.

15 dias com o uso da multimistura, o desenho mostra o passeio por terra, pela água e pelo céu.

O desenho revela uma pessoa sem cabeça e sem pernas para procurar soluções e de braços atados.

“Antes estava me sentindo um vaso sem flor. Agora estou me sentido um sol dando sorriso às flores”.

Controvérsias

O outro lado foi o posicionamento de inúmeras universidades, Associação Brasileira de Nutrição, Unifesp, Conselho Federal de Nutricionistas, Unicamp, etc, contra a Multimistura. Surgiram inúmeras teses, porém nunca conseguiram provar o efeito deletério da Multimistura. E, por ser auto-sustentável, ela continua sendo utilizada após 40 anos de implantação.

A Pastoral da Criança estabeleceu parceria com a Nestlé, Novartis, Kraft Foods, como consta em seu jornal.

Houve um desmonte pela Pastoral da Criança de todas as suas fábricas implantadas em todo o Brasil.

Os depoimentos a favor são incontáveis.

Para o processo de implantação foram feitos manuais e fichas com recomendações diárias de calorias, proteínas, vitamina A, B, B6, C, Niacina, Ferro, Cálcio, para serem usadas inclusive com pessoas analfabetas.

100 gramas de leite fornecem 10% das necessidades diárias de cálcio; a folha de abóbora 40% e o gergelim 101%

Fichas:

  • Cálcio
  • Leite / farinha de abóbora / gergelim para comparar níveis de cálcio
  • Partes diferentes de uma mesma planta
  • Polpa da abóbora, sementes e folhas
  • Folha verde escura X folha verde clara

O INAN (Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição) e Unicef patrocinaram o Estudo das bases científicas para o uso da alimentação alternativa na nutrição humana que concluiu:

  • Os alimentos da alimentação alternativa são ricos em proteínas e todos os minerais e vitaminas
  • Medido pelo número crescente de projetos em todo país que utilizam alimentação alternativa, a motivação para sua implantação é muito efetiva.

Uma tese da Unicamp: o valor nitrificante do farelo de arroz mostrou um aumento do leite materno em 160% nas ratas cujas mães comiam o farelo.

Foram feitos inúmeros documentários: TV, rádio, revistas e jornais de todo país.

Não conseguimos implantar como política pública, embora tenha passado na Conferência Nacional de Saúde, em 2003, para que todos os postos de saúde tivessem uma fábrica de MULTIMISTURA para ser usado por crianças, gestantes, nutrizes, adultos com deficiência nutricional, etc. O mais importante é que continua sendo usado.

Com a decisão da própria comunidade, ONGs, escolas, e as pessoas sabem que ter um filho sadio não depende de poder aquisitivo, mas de ter acesso a informações nutricionais de:

  • Alto valor nutritivo
  • Baixo custo
  • Preparo rápido
  • Sabor regionalizado
  • Autossustentável

4 comments

  1. Clara Brandão 14 julho, 2019 at 08:57 Responder

    Atualmente estou no voluntariado de escolas especiais,em particular numa com 480 onde existem canteiros altos para essas crianças,mesmo cadeirantes,possam ver,cheirar e provar as verduras. Lá temos 5 há de área degradada.
    Já temos quase metade com
    agrofloresta,produzindo mandioca, gergelim,garapa,moringa e hortaliças para melhorar a alimentação dessa escola.
    Também damos aulas de alimentação saudável e sustentável para os professores das 17 regionais de ensino e distribuição de mudas da horta perene.

    • Eduardo Berger 5 agosto, 2019 at 08:38 Responder

      Notável a grande contribuição que Clara Brandão oferece ao combate à fome no Brasil e no Mundo. Merece mais RECONHECIMENTO!

  2. Flávio Soares de 23 julho, 2019 at 21:41 Responder

    Clara , emocionante seu posicionamento humano a uma faixa completamente abandonada cuja única remuneração é voltar a viver.
    O que mais de recompensa uma pessoa pode oferecer e a outra receber ?Parabéns e me sinto orgulhoso de ter sido seu colega,

  3. Narelly Tavares Rodrigues e Melo 25 julho, 2020 at 11:21 Responder

    Trabalhei por 4 anos na SEARA, uma das creches fundadas pela Dra Clara em Santarém/PA, e nesse período ouvi muitas histórias de superação a partir do uso da Multimistura e da vivência na creche SEARA. Queria ter conhecido ela no período em que atuei como gestora lá.
    Meu respeito e admiração à Dra Clara e a todo esse trabalho pioneiro de combate a desnutrição que começou no interior da Amazônia.
    Seria muito importante um livro de memórias da Dra Clara, pois tudo isso precisa ser reconhecido pela sociedade, além de servir como referencial teórico para muitos estudiosos da área. #ficaadica
    Abs.

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